As cores têm um poder fascinante sobre as nossas percepções, evocando emoções e associações muitas vezes inconscientes. Esse é o tema central do livro Psicologia das Cores, de Eva Heller, uma referência incontestável na área do Design. A autora mapeia como as cores nos impactam cultural e emocionalmente, trazendo insights que permanecem atuais e provocativos.
Recentemente, a escolha da cor do ano da Pantone reacendeu essa discussão, especialmente por nos desafiar a reavaliar uma cor historicamente impopular: o marrom. No estudo de Heller, o marrom ocupa uma posição peculiar, sendo a cor menos desejada por 20% das pessoas e a favorita de apenas 1%.
Segundo Heller, o marrom é associado ao aconchego e à rusticidade, por remeter à madeira, mas também carrega conotações negativas: é visto como antiquado, desagradável, ligado à falta de refinamento e, em um viés social mais sensível, à pobreza. Essa dualidade — entre o acolhimento e o desprezo — faz do marrom uma cor intrigante e, talvez, desafiadora.
Pantone e a leitura do mundo
A Pantone não escolhe sua cor do ano ao acaso. Trata-se de uma análise profunda das tendências globais, com estudos que projetam cenários futuros. Essas decisões captam movimentos culturais, sociais e econômicos, indicando caminhos que a sociedade pode trilhar nos próximos anos.
Ao refletir sobre a escolha do marrom, algumas perguntas surgem:
- O que essa cor diz sobre o momento atual?
- Será que ela representa um desejo de neutralidade em tempos de polarização?
- Ou reflete um pessimismo diante das crises e incertezas que nos cercam?
O cenário para 2025 não é dos mais promissores. Conflitos geopolíticos, discursos radicais e a crise climática, sem sinais de resolução real, compõem um panorama desafiador. A escolha do marrom pode simbolizar um anseio por estabilidade, mas também um certo conformismo ou até ceticismo em relação ao futuro.
A força das cores na construção de significados
As reações negativas que frequentemente acompanham o marrom ilustram um ponto levantado por Heller: nossas sensações sobre as cores são profundas e inconscientes, mas moldam como percebemos o mundo. No caso da Pantone, a escolha de uma cor tão carregada de significados controversos é, por si só, uma provocação.
Enquanto o mundo parece dividido entre extremos — otimismo exacerbado e desânimo absoluto —, a neutralidade do marrom pode nos convidar a refletir sobre nossa postura frente às adversidades.
E você, como vê essa escolha?
Será que estamos prontos para abraçar as nuances dessa cor tão ambivalente? Ou ainda a rejeitaremos, como no passado?
As cores falam, e o marrom, talvez mais do que qualquer outra, está nos dizendo algo. Estamos ouvindo?
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